sábado, 2 de novembro de 2013

Texto em que retrato uma experiência de vida, a dor e a impunidade. Encontra-se no livro Carta ao Presidente - Brasileiros em busca da Cidadania. Organizado por Carlos Souza Yeshua.



Digníssima Presidente da República
Thaiz Guedes

Há tanto a discutir sobre educação, moradia, fome, saúde, segurança, corrupção, políticas sociais, violência, drogas, mas imagino que a Vossa Excelência deve estar pensando como resolver tantos problemas que acometem nosso país. Então, resolvi usar está carta como um desabafo sobre a tristeza profunda que invade os corações de muitas famílias que tiveram um ente querido assassinado, muitos pelas mãos de seus companheiros e outros pela insegurança e desrespeito de outrem.
Digníssima, além da dor da perda há a dor da impunidade, uma dor que faz pensar: Será que realmente existe Justiça nesse país? Numa busca constante por justiça, a sensação que passa é que teríamos direito de matar uma pessoa, porque todos dizem que por ser réu primário, a Justiça defende, solta ou não leva mais que dois anos preso, e aí perguntamos: onde fica o direito daquele que foi ceifado a vida?
Deve-se acreditar que é uma Justiça que defende o algoz e não a vítima? Morta, violada no seu “direito de viver”, item que consta na Carta Magna, no artigo 5º da Constituição Federal. No entanto o que é verdadeiro nessa Carta, muito bonita, mas infelizmente, com tantos direitos violados. Tenho como exemplo dessa indignação, que acomete também a minha família, que no dia 24 de dezembro de 2010, uma noite que deveria ser comemorado o nascimento de Jesus Cristo, meu irmão Thaine Guedes, foi assassinado a facada de maneira cruel e covarde pela companheira, autora confessa do crime, e que está solta por que fugiu do flagrante e depois se apresentou com advogado. Portanto, quanto tempo ainda; muitas famílias terão que esperar para se ter uma Justiça pronunciada de maneira real e coerente.
Pagamos nossos impostos, que não são utilizados de forma correta, mas é um dever do cidadão que é cumprido nem que seja na mínima compra de um bombom. E quando será cumprida a parte que cabe aos governantes?
Digníssima Presidente, a tristeza invade muitos corações porque a Justiça demora a agir, pessoas brincam de fazer justiça, não ligam para os problemas dos outros, assim aumentando, e muito, a violência no país, voltando ao tempo do ”olho por olho, dente por dente”. Espero que Vossa Excelência, sendo uma mulher, consiga fazer a diferença.
Sem mais,
Thaiz Guedes Pereira.


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